Após homem ser morto por PMs durante surto psicótico, comandante-geral diz que elabora curso para qualificar tropa

Coronel Márcio Barbosa disse que setor de psicologia da PM também atuará para garantir controle emocional de policias. Morte aconteceu em Araguaína e família criticou abordagem.

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Após a morte do caminhoneiro Iranilton da Silva Santos, de 35 anos, que apresentava sinais de surto psicótico, o comandante da Polícia Militar do Tocantins, coronel Márcio Antônio Barbosa de Mendonça, informou que a corporação está desenvolvendo um novo curso de qualificação para seus agentes.

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Iranilton foi morto a tiros no dia 15 de julho no setor Lago Azul IV. A esposa dele havia solicitado ajuda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Araguaína para controlá-lo, já que ele estava em crise após sair de uma clínica de reabilitação oito dias antes. A equipe policial que acompanhou o Samu atirou em Iranilton, resultando em sua morte.

O coronel Márcio Barbosa explicou que a PM está criando um curso específico para o atendimento de ocorrências envolvendo surtos psicóticos. “Queremos qualificar e reforçar nossos protocolos para lidar com esse tipo de situação”, afirmou o comandante.

Ele destacou que casos como o de Iranilton são considerados ocorrências de gerenciamento de crise e não crimes, ressaltando a importância do uso seletivo da força. “Temos que lembrar que a pessoa em crise não cometeu um crime até aquele momento. Está alterada por uma questão psiquiátrica e precisa ser contida para receber tratamento adequado”, disse.

Sobre o uso da força, o comandante explicou que a corporação possui várias opções não letais, como tasers, espargidores de gás de pimenta e balas de borracha. “Em último caso, usamos armas de fogo. Estamos investindo muito nesse protocolo”, informou. A PM vai adquirir 200 novas tasers, e a Força Nacional enviou 40 unidades do mesmo tipo para a corporação.

Após homem ser morto por PMs durante surto psicótico, comandante-geral diz que elabora curso para qualificar tropa
Foto: Reprodução

No caso de Iranilton, os policiais portavam armas não letais, mas não as utilizaram. A PM justificou que homem soltou dois cães da raça pitbull, que atacaram um dos policiais, o que levou ao uso de armas de fogo para neutralizar a ameaça.

O comandante também enfatizou a necessidade de controle emocional dos policiais em situações extremas e mencionou o suporte psicológico disponível na Polícia Militar. “O controle emocional é essencial, e estamos trabalhando nisso com nosso serviço de psicologia”, completou.

Sobre possíveis punições para os policiais envolvidos em mortes durante o serviço, o comandante afirmou que a Corregedoria investiga todos os casos. “Temos mecanismos legais para apurar falhas e sempre fornecemos informações quando solicitadas”, destacou.

Entenda o caso

Segundo o relatório policial, quando os policiais chegaram ao local, a esposa e o filho de Iranilton estavam com a equipe do Samu, que havia sido chamada para atender um paciente psiquiátrico em surto. Vizinhos filmaram a ação, mostrando Iranilton batendo em um poste com um facão antes de se aproximar dos policiais, momento em que foi alvejado.

Familiares disseram que Iranilton estava com um facão e havia danificado um padrão de energia e quebrado móveis. Testemunhas relataram que no dia anterior ele falava que “queria beber sangue” e “cortar o pescoço de um parente”.

A esposa de Iranilton, Aparecida de Carvalho Vieira Silva, lamentou a tragédia. “Eu jamais teria chamado o Samu se soubesse que isso aconteceria. Tinha procurado outros meios”, disse Aparecida.

*Com informações do G1